terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Não podia deixar de publicar dois lindos poemas que nos chegaram de duas novas colaboradoras da Escola Frei Estêvão Martins, que muito prometem...

A Poesia

A poesia é a forma
que eu uso como expressão,
quando escrevo poemas
a escuridão solta-se do meu coração.

A poesia é a inspiração do mundo.
E toda a gente sabe escrever,
é só preciso ter imaginação
e saber perceber.

A poesia é infinita.
Podemos escrever mil poemas
ela traz muitas vezes, 
a resolução de certos problemas.

A poesia é fantástica!
É como ir a Marte,
onde só há serenidade,
é um monte de felicidade

Quando escrevo,
sinto- me como Luís de Camões,
pois ele sentiu

grandes emoções.

Sofia dos Santos, 7º A


Lua que brilha

Lua que brilha, brilha
Que cresce, e me castiga...
Não sei  aonde irás
Não vais, que vás.

Amor de um sol,
Um planeta por perseguir
Sem ti não sei
Simplesmente seguir...

Sentimental,
Que não existes
Toca no meu coração
Aquece, e arrefece, porque és vital...

Escreve e depois apaga
Dos tempos em que sem mim
Não eras nada...
Por mentiras e verdades
As coisas das curiosidades...

Luana Nascimento
7º A

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


Para fechar este período letivo e abrir o nosso coração para a quadra que se aproxima, aqui ficam uns poemas com ela relacionados em diferentes línguas...


Quando um Homem Quiser

Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'


a fava

espero que me calhe aquela fava
que é costume meter no bolo-rei:
quer dizer que o comi, que o partilhei
no natal com quem mais o partilhava

numa ordem das coisas cuja lei
de afectos e memória em nós se grava
nalgum lugar da alma e que destrava
tanta coisa sumida que, bem sei,

pela sua presença cristaliza
saudade e alegria em sons e brilhos,
sabores, cores, luzes, estribilhos...
e até por quem nos falta então se irisa

na mais pobre semente a intensa dança
de tempo adulto e tempo de criança.

Vasco Graça Moura, in 'O Retrato de Francisca Matroco e Outros Poemas' 


Em Francês...

Ce Noël, n’ oubliez pas de donner

Avec le sourire et la gentillesse , cadeaux

Au fil du temps briser ou de porter

Mais la bonté et de l'amour , jamais.


Em Inglês...

The warmth and joy of Christmas brings us closer to each other.


Em Espanhol...


"La Navidad.....no es un acontecimiento, sino una parte de su hogar que uno lleva siempre en su corazón." (Freya Stark)


Natal

No Natal há magia,
Muita alegria,
Crianças a sonhar
E o Pai Natal a chegar.

Debaixo da árvore
Abrem-se os presentes
E as famílias reunidas
Estão todas contentes.

Prendas e prendinhas
Sacos e saquinhos
Tudo canta
Para aquecer os corações.

Neste Natal
Eu vou oferecer
O meu coração
A quem o merecer.

Joana Fã, Mariana Tremoceiro 9ºB FEM

Natal

O Natal não é nada mau
Especialmente pelo bacalhau
Sorrisos em todos os rostos
Todos os anos, neste dia postos.

A árvore vamos montar
As luzes vamos ligar
Juntos vamos cantar
E o Natal festejar.

Vicente e Filipe 9º B FEM

Natal

Natal
Época de alegria
Época de festejos
Tempo de magia.

Natal
Dia do menino nascer
Tocam os sinos
Luzes a acender.

No Natal
Une-se a família
Aparece no ar
A desejada fantasia.

José Mendes, José Freitas e Cristiano Vieira- 9ºB FEM

Natal

Natal é tempo de amor
Aconchego e muita luz
Momentos de alegria
Pois, comemoramos o nascimento de Jesus.

Filipa Carmo e Sara Conceição 9º B FEM

Natal

A árvore montar
O jantar preparar
A família acolher
Para em conjunto comer.

Como é Natal
Vamos todos festejar
As luzes a piscar
E os presentes trocar.

Inês e Rafael 9º B FEM

Natal

No Natal, lareira acesa
Bacalhau no forno
Peru na mesa.

A família junta-se
Trocam-se presentes
Laços e embrulhos cobrem o chão
Risos, comida e muita paixão.

Azevinho nas portas
Pinheiros reluzentes
Fazem-se tortas,
Miúdos riem e espalham alegria...

Maria Guerra e Mário Valeriano 9º B FEM

Natal

No início de dezembro
As prendas são compradas
Para na noite de Natal
Serem desembrulhadas

No dia de Natal
A família está reunida
Uns perto da árvore
Outros perto da comida.

Anita e Beatriz 9º B FEM








terça-feira, 29 de novembro de 2016

Mais um bonito poema, muito convidativo à reflexão.
Um Pouco Mais de Nós
Podes dar uma centelha de lua,
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.

E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.

José Jorge Letria


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Outono

No outono, o frio começa a chegar
As folhas coloridas caem lentamente
Tecendo tapetes que cobrem o chão
Entregando as árvores à solidão.

As manhãs começam a arrefecer,
lareiras acesas, chás para a alma aquecer,
Castanhas assadas,
Folhas douradas.

O espírito de alegria tenta alegrar o coração
Agasalhado pelo casacão.
Mas, o vento corre pelos ramos das árvores nuas,
E,que saudade do ar quente do verão!

Poema coletivo elaborado pela turma de 9ºB da FEM

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Decidimos dedicar este mês a mais um ilustre poeta  português, José Jorge Letria. Jornalista, poeta, dramaturgo, ficcionista e autor de uma vasta obra para crianças e jovens, José Jorge Letria nasceu em Cascais, em 1951.
Estudou Direito, História na Universidade de Lisboa, sendo pós-graduado em Jornalismo Internacional  e  Mestre em “Estudos da Paz e da Guerra nas Novas Relações Internacionais” pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Tem livros traduzidos em várias línguas ( castelhano, francês, inglês, italiano, coreano, japonês, russo, búlgaro, romeno, húngaro e checo).
A sua obra literária foi distinguida, até à data, com dois Grandes Prémios.
Aqui fica um primeiro poema para apreciar...

Ode ao Gato


Tu e eu temos de permeio 
a rebeldia que desassossega, 
a matéria compulsiva dos sentidos. 
Que ninguém nos dome, 
que ninguém tente 
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza, 
pois nós temos fôlegos largos 
de vento e de névoa 
para de novo nos erguermos 
e, sobre o desconsolo dos escombros, 
formarmos o salto 
que leva à glória ou à morte, 
conforme a harmonia dos astros 
e a regra elementar do destino. 

José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos" 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Poema para Galileu


Galileu foi julgado pela Inquisição, devido às novas ideias que defendia.
É a esse facto que o poema de António Gedeão alude. Poeta e cientista, era muito sensível a este tema. Dessa sensibilidade nasceu este magnífico poema.


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O dia 16 de outubro marca o dia da fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, em 1945.
Uma vez que ontem se comemorou mais um dia da alimentação e sendo a água um elemento fundamental para a nossa sobrevivência aqui fica um poema de António Gedeão.

Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedeão

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

António Gedeão - Poeta do mês de outubro

Como cientista e humanista António Gedeão criou poemas para nos falar da falta de sentido dos preconceitos.
Na sua linguagem de cientista prova-nos "no laboratório" que o racismo não tem qualquer sentido.
Do belo poema outros fizeram canções.

Aqui ficam as palavras escritas
(recolhidas em https://poemasdomundo.wordpress.com/2006/11/04/lagrima-de-preta/)
e cantadas por Adriano Correia de Oliveira,
num vídeo recolhido no youtube.

Aqui fica, sobretudo, um tema para refletir.

Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterlizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Madei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão (1906-1997)


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Notícias Nossas

Temos hoje o grato prazer de anunciar obra publicada de uma poetisa que se estreou por aqui.

A Inês foi aluna do nosso agrupamento e colaboradora do nosso blogue. Aqui publicou, entre 2009 e 2013,  diversos poemas que podes consultar no arquivo do blogue.

Hoje tem a alegria de ter publicado o seu primeiro livro de poesia, que aqui anunciamos com muita satisfação e carinho. Parabéns à Inês, parabéns à editora Poesia Fã Clube!

Aqui fica um poema extraído da obra:

Berço de Ilusão

Mundo se sorrisos
mundo de poesia
mundo de feitiços
mundo de hipocrisia.

Mundo que tenta transparecer
quem não é oponente
aos tempos de dor que se estão a estender
a este promissor continente.

Mundo de apostas perdidas
e de costas voltadas
onde guerras causaram feridas
que jamais podem ser saradas.

Mundo de exclusão
é assim que nós temos de viver
fomos crescendo num berço de ilusão
enquanto os nosso sonhos acabam por desvanecer.


Muito nos honra continuar a merecer a confiança desta novel poetisa. Obrigada Inês!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Bom dia,

Fazemos votos de um bom regresso a um novo ano letivo, e para que não falte poesia no vosso percurso académico e pessoal vamos criar novas rubricas tais como O poeta do mês e  Poemas que se escondem nas canções.
Para este mês escolhemos António Gedeão, pseudónimo poético de Rómulo de Carvalho, licenciado em Ciências Físico-Químicas.
Nasceu em Lisboa, em 1906.Enquanto professor e com o seu nome verdadeiro, foi responsável pela publicação de vários livros de história da ciência, manuais escolares e trabalhos de divulgação científica. Alguns destes livros destinam-se a um público infantil e juvenil.
Fez tardiamente a sua estreia poética, em 1956, mas cedo revelou a preocupação com o destino do homem. Alguns dos seus poemas foram transformados em canções, e versos como “ Pedra Filosofal"passaram a ser ouvidos com frequência. 
Morreu em 1997, em Lisboa.
É frequente encontrar nos seus poemas a ligação entre a cultura literária e o conhecimento científico, sendo, muitas vezes, constatações e explicações de fenómenos científicos. 
Aqui fica o primeiro poema...

Todo o tempo é de poesia

Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas qu'a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia."

António Gedeão, in Movimento Perpétuo

terça-feira, 24 de maio de 2016


Uma vez que se aproxima mais um final de ano letivo, aqui ficam alguns poemas cuja temática é a despedida, é a nossa forma de dizer "Até breve"...

Não chore nas despedidas,pois elas constituem formalidades obrigatórias
para que se possa viver uma das mais singulares emoções da vida: O reencontro.
Richard Bach


Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já me não dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa

    Despedida


Três modos de despedida

Tem o meu bem para mim:

- «Até logo»; «até à vista»:

Ou «adeus» – É sempre assim.

«Adeus», é lindo, mas triste;
«Adeus» … A Deus entregamos
Nossos destinos: partimos,
Mal sabendo se voltamos.

«Até logo», é já mais doce;
Tem distancia e ausência, é certo;
Mas não é nem ano e dia,
Nem tão-pouco algum deserto.

Vale mais «até à vista»,
Do que «até logo» ou «adeus»;
«À vista», lembra, voltando,
Meus olhos fitos nos teus.

Três modos de despedida
Tem, assim, o meu Amor;
Antes não tivesse tantos!
Nem um só… Fora melhor.

António Correia de Oliveira, in 'Antologia Poética

terça-feira, 3 de maio de 2016

Após a leitura de "Os Lusíadas para gente nova" de Vasco Graça Moura, alguns alunos das turmas do 8º B e C da Escola Frei Estêvão Martins, produziram estes belos poemas...

A grande História Portuguesa


A grande História Portuguesa
que muita gente acha que conhece
é feita, navegando em mar de cor turquesa,
onde toda a tormenta aparece.

Pelos sete mares aventurado
lembrando família, amigos e velhos vícios,
passavam dias inteiros trabalhando
para esquecer tamanhos sacrifícios.

Pela escrita de Luís de Camões
foram os Portugueses glorificados,
cantaram durante muitos verões
sem saber quanto eram afortunados.

Assim os portugueses marinheiros
que se espalham pelos continentes,
foram pelos Deuses protegidos e pioneiros
na evangelização e aculturação das gentes.

O Povo Português está mudado
Agora, só sonha ser o primeiro
a chegar a qualquer lado
onde consiga muito dinheiro.

Ricardo Nunes, 8ºC, FEM


Vénus, Marte, Júpiter e Baco


Vénus, Marte, Júpiter e Baco
No Olimpo se reuniram
Para decidirem se os Portugueses
À  Índia chegariam...

Vénus e Júpiter logo afirmaram,
Baco negou, não querendo ajudar.
Marte o seu voto deu a favor
E assim a maioria fez ganhar.

Mas, Baco insatisfeito com a decisão
Vários obstáculos criou.
Mas a bela Vénus,
Logo os Portugueses ajudou.

Vénus, a armada portuguesa
À Índia fez chegar.
Mas, antes disso em Melinde narraram,
E, mais à frente, quatro ventos tiveram de superar.

Anita Heitor, 8ºB, FEM

Lusíadas por Luís de Magalhães


Estou a falar de Helena,
a professora de pele branca,
comigo é serena
e ainda por mais, franca.

D'"Os Lusíadas"me falou e agora, vou eu falar,
 dos seus melhores momentos,
daqueles que fizeram viagens pelo mar,
em busca de Descobrimentos.

Camões foi quem escreveu
este  livro único,
salvando-o do naufrágio em detrimento da amada
que no oceano nunca mais foi encontrada.

Vasco da Gama foi quem navegou
com os seus companheiros pelos mares,
os quatro ventos fortes enfrentou,
ultrapassando todos os males.

D. Manuel foi quem sonhou
esta grande aventura,
alguns reinos subornou,
levando-os à loucura.

Após vários anos,
à Índia os nautas chegaram,
os barcos com muitos danos
O ânimo recuperaram.

Por lá ficaram algum tempo
negociando especiarias
com pessoas de renome
para na comida fazerem melhorias.

Voltaram para Portugal
com a mão direita no peito
pelo Rei, Gama foi premiado, leal
pelo povo português, desse jeito.

E assim chega ao fim
este poema genial,
com esta última estrofe enfim
não podia acabar mal.

Luís Magalhães, 8º B, FEM






terça-feira, 19 de abril de 2016

O meu sonho é...

O meu sonho é...
Algo profundo e inexplicável que acontece na nossa mente.
Navegar num mar de esperança
Onde sensações podem libertar-se
E transformar-se em beleza.

Uma criança a brincar no jardim
A imaginar algo profundo e espantoso.
Algo que se quer
Quando fechamos os olhos.

Viajar para qualquer lugar da Terra
Voando com imaginação.
Ter uma vida feliz
Sentir o poder da meditação a crescer ao adormecer.

O meu sonho é...
Um chapéu que nos protege enquanto vivemos.
Saber sonhar...

Poema coletivo elaborado pela turma C do 8º ano da FEM

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Dois bonitos poemas enviados por uma aluna que já deixou o Agrupamento, mas que será eternamente nossa... Obrigada Noémia por continuares a partilhar a tua escrita, neste cantinho dos poetas...

Um choro que dói

Estava a olhar o céu e cantava
Parei, abateu-se em mim a saudade
Chorei, e era em ti que pensava
Fiquei, tudo caiu aos pés, até a felicidade.

Olhei, nada me aconchegava
Cansei, precisei de ti e não estavas
Pensei, porque continuar a caminhada
Se já nem amor me dás…

Sorri, porque no vento te vi.
Parti, fui para longe chorar.
Desisti, já nada faz sentido sem ti.
Fugi, porque já não te posso abraçar.

Chorar, sei que não te traz.
Sonhar, sei que não és real.
Rezar, só me pode dar paz,
Para curar meu frágil coração de cristal.

 Noémia Simões


A onda da salvação

Uma onde veio à praia parar
Num simples e calmo suspiro
Veio até mim para sussurrar
E é por isso que hoje respiro.

Chegou até mim para me salvar,
De um tão profundo abismo
Que me queria enclausurar
Levando para longe o meu otimismo.

Essa onda que me veio agarrar
Era apenas aquele pequeno sinal
Que tu me estavas a dar
Para lutar e aguentar até ao final.

Jamais irei esquecer
O sofrimento que senti na partida
Aquele aperto que ficou por dentro a doer
Onde ficou incurável e aberta aquela ferida.

A minha salvação foi o mar,
Levou a magoa para longe de mim,
Para me ajudar a continuar
Assim adiou um pouco mais o meu fim.

 Noémia Simões



quarta-feira, 6 de abril de 2016

POESIA É

Expressar sentimentos em rima
Deixar obra no papel,
A luz da vida do poeta
Voar com os pés no chão.

Maravilhas que se leem,
Fazendo-te sonhar.
A imaginação do poeta a fluir.
Viver, imaginar e encantar.

Um movimento expressivo,
Palavras de um grande explorador,
Todas as ideias em sintonia
 Partilhar palavras e sentimentos.

Poema coletivo do 8ºB FEM

terça-feira, 8 de março de 2016

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

Tempos houve em que as mulheres eram consideradas inferiores aos homens, tempos houve em que as mulheres não podiam votar, decidir sobre a sua vida ou viajar sozinhas.
Esses tempos para muitas sociedades, como a nossa, são passado. Mas ainda existem países onde as coisas são muito diferentes.
Este dia existe para chamar a atenção para as injustiças que ainda hoje se cometem sobre as mulheres e para agradecer a todas aquelas que, antes de nós, tornaram possível a igualdade de géneros que está hoje presente na lei e na vida portuguesa.
Nas mensagens seguintes há poemas sobre as mulheres e canções de e sobre as mulheres. Hoje é dia de olhar à volta e dar uma saudação a uma mulher especial: a mãe? a professora?...

Feliz Dia da Mulher!

Iemanjá - Divindade Feminina

Mulher Inspiradora

Mulher, não és só obra de Deus; 
os homens vão-te criando eternamente 
com a formosura dos seus corações, 
e os seus anseios 
vestiram de glória a tua juventude. 

Por ti o poeta vai tecendo 
a sua imaginária tela de oiro: 
o pintor dá às tuas formas, 
dia após dia, 
nova imortalidade. 

Para te adornar, para te vestir, 
para tornar-te mais preciosa, 
o mar traz as suas pérolas, 
a terra o seu oiro, 
sua flor os jardins do Verão. 

Mulher, és meio mulher, 
meio sonho. 

Rabindranath Tagore,  (India, 7 de Maio de 1861 - 7 de Agosto de 1941)  
Poema da obra "O Coração da Primavera" traduzido por Manuel Simões